Janelas

Janelas podem ser diferentes coisas:

- rasgões para ver para dentro, [e logo nascem dois planos], furos para ver para fora [e assim se expande um novo plano];

-quando as portadas fechadas e os vidros tapados, são ainda e apenas um só plano, prolongado da parade, proibindo a entrada para outro; quando fechadas mas portadas abertas, os vidros reflectem o mundo - aqui está outro plano, projectando o filme do mundo na parede, que assim e agora é tela de cinema;

-são os olhos da casa, são a entrada da luz e o início das viagens da alma.

As minhas janelas são estas coisas todas coisas ao mesmo tempo.

Quando fotografava andava à procura destes planos, sobreplanos, outros planos e seus cruzamentos. Agora, quando pinto (ou esta coisa que faço) sou como um Deus a criá-los. Faço os que quero, estreito ou até os fecho e com eles entro nas camadas do mundo. São tantas!!!! Tantas janelas e eu a tricotá-las!!!

(…)
Ri-me de ti: Então porque não voas?
E então tu olhaste
Depois sorriste
Abriste a janela e voaste

Sérgio Godinho In “A noite Passada”

Exposição: - De perto ninguém é normal - AP’ARTE Galeria - Porto (2012)

- Mostra'16 (Exposição colectiva) Porto (2016)